Uma crónica nostálgica (Fato)
Tenho que confessar que tenho muitas saudades do balneário do Cosmos antes dos jogos, particularmente daquelas ultimas jornadas do campeonato que os jogadores dessa altura, ganharam para o Cosmos.
Lembro-me de cada disparate que vos disse, de cada sorrizinho irónico do Zaruto – que me tentou convencer milhões de vezes que o lugar dele era jogar... solto, das flexões que o Filipe ia fazendo – já que ouvir nunca foi o forte dele - , do Roberto a tapar a cara para não se rir, da cara do André quando eu dizia que o Cosmos era ele e mais dez, do Bruno a fingir que estava muito sério, do Manuel Pinto a pensar: deixa-te de merdas e deixa-me ir comê-los vivos, do Agapito a puxar pela milionésima vez as meias, do Janeca a “descobrir” uma inovação táctica que ia decidir o jogo, do Pires a mexer na melena, do Tiago a gritar “vamos ganhar, vamos ganhar”, do Benny fodido porque ia outra vez para o banco, do Daniel a espumar porque não queria jogar à direita, do Ricardo a pensar quem ia foder desta vez, do Didi a resmungar: “nunca me passam a bola, nunca me passam a bola”, do meu querido Joca a bocejar depois da quinquagésima troca de mulher, do Marta (às vezes aparecia...) a praticar em seco a ida da arma à cara, do João – que cá para mim era o único que me levava a sério... coitado -, do José Maria que teimava em explicar-me que era ponta de lança, do Pedro Câmara que me perguntava se eu achava que ele fazia mesmo falta, do Manolo que olhava com algum receio para o Zaruto com medo que ele
Mas do que eu tenho mesmo saudades era de olhar para eles e saber que aqueles gajos dentro do campo eram tão amigos uns dos outros que viesse quem viesse era comido vivo.
Tenho saudades de sentir o que senti quando o meu cabeçudo favorito marcou aquele golo no ultimo minuto que os fez praticamente campeões, do orgulho que tinha quando via o Agapito a correr pelo Cosmos mais que a outra equipa toda junta, da alegria que sentia quando via o Didi a correr como o vento por aquele lado esquerdo, do Roberto a abraçar o Agapito, do Janeca a pedir-me para avançar só mais um bocadinho, de ver o André marcar um penalty e a bola bater na bandeirola de canto (bem... disso tenho menos saudades), do Tiago a correr, no meio do jogo, para mim para me chamar à atenção do “desposicionamento” do Manuel Pinto, daquele abraço sentido que o meu querido André me deu no dia em que foram campeões, do golaço do Daniel que quase furou a rede com um remate na meia esquerda, da maneira como o Roberto segurava a bola no meio campo quando as forças já faltavam, da classe – grande cabrão – do Zaruto, das bolas que o Pires sacava quando já toda a gente pensava que estavam perdidas, dos pontapés de ressaca do Manuel Pinto, do golo falhado à boca da baliza do Filipe que não só falhou o golo como partiu o braço, da garra do André, da verdadeira mística do Cosmos que está personificada no Bruno, daquela goleada ao SOV em que o Ricardo insistia em perguntar ao Palmeiro o resultado..., dos penalties defendidos pelo João.
O orgulho que eu tinha (e tenho) em ser vosso amigo...
Ganharam porque éramos mais que amigos éramos um só. Para ganhar, basta isso, mais nada.
Nunca esquecerei a alegria que me deram e todos eles estarão para sempre num lugar especial do meu coração
Fato
2 Comments:
Obrigado por estas palavras. Foram sentidas de facto e julgo que terão o mesmo efeito nostálgico em todos que fizeram parte do grupo nesse ano.
O espírito do Cosmos é realmente curioso e a mim instalou-se-me no corpo como um bicho-tipo-alien que não mais me largou. Por causa disso os fins-de-semana fora (mesmo as grandes curtes em Madrid) deixaram de ter piada.
Pena é Fato que não possas viver o Cosmos de forma mais intensa! E não foi por falta de convites!
Correcção: não foi o braço que parti, mas, pior, um osso estúpido chamado escafóide cuja cura é dois meses mais longa do que no caso de um braço partido. Enfim regressei 3 meses depois e ainda com o pulso fragilizado, mas cheio de pica e esfaimado de bola para ajudar a equipa da melhor maneira que sei: marcar golos, daquele golos que decidem os jogos, que são os que mais "tusa" dão.
Nota: Fato eu, apesar de não parecer, ouvia-te! Mas só o essencial quando dizias: "Vamos lá dar cabo deles"
Abraço cósmico,
Filipe
Ò Fato, tu fazes muita falta!
Deixa lá de apararecer só acidentalmente ....
Abraço JM25
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